sábado, 15 de outubro de 2016

Mente e Matéria

Continuando minha leitura do livro do Schrödinger cheguei na parte Mente e Matéria, que já na primeira página eu tive a confirmação de que esse livro é incrível.  No capítulo intitulado A Base Física da Consciência, Erwin questiona (em tradução livre):

O mundo é uma construção das nossas sensações, percepções e memórias. É conveniente considerar que ele existe objetivamente sobre ele mesmo (existe mesmo se nós não existimos). Mas ele certamente não se manifesta por sua mera existência. Sua manifestação é condicionada a eventos muito especiais em regiões muito especial, mais exatamente, em certos eventos que acontecem no nosso cérebro. Isso é um tipo peculiar de implicação, que levanta a questão: Quais propriedades em particular distinguem esses processos cerebrais e os possibilita de produzir manifestações? Podemos descobrir quais processos materiais tem esse poder, quais não? Ou, de forma mais simples: Que tipo de processo material está associado diretamente com a consciência?

Percebemos rapidamente que o escritor relaciona a consciência com a matéria, excluindo dessa forma qualquer tipo de envolvimento místico. Segundo é a ideia de manifestação, eu nunca tinha pensado sobre isso, mas é algo realmente interessante, existir é diferente de manifestar. Perceber as coisas como nós humanos percebemos é algo bastante raro, algo que nem mesmo todos os animais são capaz de fazer da mesma forma como fazemos. Daí me surge a questão: Quantas coisas não somos capazes de perceber? Imagine você que mesmo forças amplamente utilizadas como o eletromagnetismo não são facilmente percebidas, certo que no caso  da parte elétrica basta pensarmos nos raios, mas quem já sentiu um campo magnético?

Na página seguinte o conceito de consciência é explorado (em tradução livre):

… Na minha mente havemos de encontrar a chave nos seguintes fatos bem conhecidos. Qualquer sucessão de eventos nos quais tomamos parte com sensações, percepções e talvez até com ações gradualmente sai dos domínios da consciência quando a mesma sequência de eventos se repetem da mesma forma várias vezes. Mas são imediatamente trazidos de volta a região da consciência se em uma das repetições a ocasião ou as condições ambientais se diferem de como eram nas incidências anteriores.

Eu nunca percebo quando algo está se afastando da região do consciente, alguns exemplos são ouvir o barulho do ventilador, respirar, mastigar, e diversos outros. Me surpreende muito como nosso cérebro evoluiu dessa forma, se fosse de outra forma imagine a confusão na sua região consciente, você pensando em respirar, comer, e mais um número incontável de ações que a gente realiza sem nem perceber.

Acho difícil analisar algumas coisas sob a luz da ciência, e ainda mais difícil quando essas coisas são ordinárias, pensar nela de uma forma física é espetacular, é entender como as coisas realmente funcionam e essa busca eu considero de extrema importância para o desenvolvimento da nossa sociedade.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Sobre a limitação humana

Gosto sempre de lembrar de algo que Lord Kelvin afirmou, pouco mais de um século atrás, ao dizer que não havia nada de novo para ser descoberto na física, apenas algumas medidas a serem aperfeiçoadas:
"There is nothing new to be discovered in physics now, All that remains is more and more precise measurement."
Pouco tempo depois tivemos expansões incríveis na física, com as teorias de Einstein ou as ideias da física quântica.

Outra coisa que me chama bastante a atenção é como são entendidas as necessidades para que a vida se desenvolva em um ambiente, falando por cima coisas como atmosfera, água e  algumas outras moléculas conhecidas.

Hoje lendo um livro (What is life?) do Schrödinger percebi algo interessante referente a genética, o ser humano recebe metade de seus genes da mãe e metade do pai, através de um processo de fertilização, isso se aplica praticamente a todo ser vivo na Terra, mas existem algumas exceções, uma muito interessante é o macho da abelha, o qual nasce de um ovo não fertilizado da rainha, ou seja, não há um pai. Isso me mostrou que os processos de mistura/mutação do material genética não é algo concreto e único, existem formas diferentes de se fazer isso.

Então eu dou um salto e me pergunto, e se em um ambiente diferente a vida se desenvolveu de uma forma completamente diferente, aqui na Terra os seres têm um mecanismo parecido pois descendem de um mesmo ancestral, em um outro planeta esse ancestral pode ter sido diferente. Eu entendo que leis devem ser universais, e que a necessidade de água, por exemplo, é algo bastante concreto, o meu ponto é que pode-se ter uma generalização ainda maior e, pra isso, talvez seja necessário pensar um pouco mais fora da caixa, e não sair da caixa é uma limitação.